Leão XIV nomeia 1º bispo no âmbito de acordo com China

PEQUIM, 12 JUN (ANSA) – A China aprovou a primeira nomeação de um bispo católico pelo papa Leão XIV no âmbito do controverso acordo assinado por Pequim e pela Santa Sé durante o pontificado de Francisco.   

Joseph Lin Yun-tuan tomou posse como bispo auxiliar de Fuzhou na última quarta-feira (11), indicando a vontade de Robert Prevost de dar sequência ao tratado implementado por Jorge Bergoglio, alvo de críticas da ala mais conservadora do clero por submeter a Igreja Católica às autoridades políticas chinesas.   

“Tal evento constitui mais um fruto do diálogo entre a Santa Sé e as autoridades chinesas e é um o adiante no percurso de comunhão da diocese”, disse o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni.   

Durante a posse, Lin declarou a intenção de ajudar os fiéis a “amar a pátria e a Igreja, para difundir o Evangelho e favorecer a união do país”.   

“China e Vaticano mantiveram a comunicação e reforçaram a compreensão e a confiança recíprocas por meio de um diálogo construtivo nos últimos anos”, comentou nesta quinta (12) o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Lin Jian.   

“A parte chinesa está disposta a colaborar com o Vaticano para melhorar constantemente as relações bilaterais”, acrescentou Lin.   

O acordo bilateral está em vigor desde 2018, e seus termos exatos permanecem em sigilo, mas sabe-se que ele permitiu à Santa Sé recuperar um papel ativo na indicação de bispos chineses, que até então eram escolhidos à revelia do Papa.   

Os dois países romperam relações diplomáticas em 1951, quando o Vaticano reconheceu a independência de Taiwan, que ainda é visto por Pequim como uma “província rebelde”. Durante décadas, católicos chineses viveram divididos entre uma conferência de bispos escolhida pelo Partido Comunista e um braço da Igreja Apostólica Romana que atuava na clandestinidade.   

O acordo de 2018 já levou à nomeação de diversos bispos em comum acordo entre China e Vaticano, mas é alvo de críticas por não dar à Igreja a mesma autonomia que ela possui nos outros países. (ANSA).